sexta-feira, 14 de junho de 2013

Amor: O que é; o que não é.


 “Amor é uma amizade que pega fogo; É fogo que arde sem se ver; É um não sei quê; que surge não sei de onde, dói não sei por que e acaba não sei como”.
Amar é dar vexame, é ficar vulnerável, é esquecer-se de você mesmo.
É ser forte e frágil, alegre e triste, simples e complexo, inteiro e aos pedaços, completo e inacabado, inseguro e cheio de convicção. É ousar, é apostar tudo, é esquecer a razão.
Quantas tentativas de traduzir o amor! Todas tão inúteis quanto verdadeiras, já que nenhuma esgota o conceito de amor.
Não há consenso sobre o amor. Talvez porque amor se sente; não se explica; não na sua totalidade e intensidade. Historiadores, poetas, músicos, filósofos, psicólogos, todos; desde sempre vêm tentando traduzir este sentimento que se impõe a nós como uma necessidade fisiológica, mas que não nos permite a compreensão da natureza da sua essência.
Indefinível na sua intensidade, mas NECESSÁRIO: assim é o amor. Uma palavrinha de poucas letras, mas de múltiplos significados na língua portuguesa: amor físico, amor platônico, amor materno, amor à vida. Ou ainda: afeição, compaixão, empatia, atração, paixão, conquista, querer bem, desejo, vínculo emocional, sexo, etc.; etc. e tal.
A temática do amor é comum e recorrente. Creio que é próprio do amor esta brincadeira de fugir às traduções. Eu o vejo como um mutante, um delicioso farsante. Que aparece como e quando quer, nos surpreendendo, desestruturando nossa rotina, nossa vida, injetando adrenalina, tirando o sono, o sossego, acalmando ou bagunçando tudo, virando do avesso; travesso.
Quer coisa melhor? Eu não conheço. Então eu me basto em sentir, experimentar o amor.  Aí meu corpo o traduz: na minha pele, no brilho do meu olhar, no meu jeito de andar e de falar, no meu cantarolar...tudo em mim o denuncia...
Mas uma coisa é fato: apesar da impossibilidade de tradução literal e da intensidade deste sentimento essencial à nossa vida, tá cada vez mais fácil dizer eu te amo. Vivemos tempos de amores e amizades virtuais, fluidas, voláteis, líquidas e efêmeras, e na carona de tudo isso, o amor virou moeda de troca. Ficou banal. Mas eu te amo; definitivamente, não diz tudo. Se ilude quem cai nesta cilada. O amor de verdade, pra valer mesmo, tá muito mais associado a atitudes do que a palavras doces – não que ele não careça delas - mas vai muito além delas...
A verdade é que ama-se e desama-se facilmente. Romances ardentes esvaem-se como fumaça em pouco tempo, com a mesma falsa intensidade com que começaram.
Mas, então, afinal; o que é o amor? Aquele dos contos de fada, dos romances, das histórias que nos contaram...Esvaiu-se com o tempo? Perdeu-se na história recente?
Claro que não. Mas, talvez, hoje, seja mais fácil distinguir o que não é amor:
Controle sobre o outro é amor? Manter o outro dependente emocional e financeiramente é amor? Palavras bonitas sem atitude correspondente é amor; bastam? Limitação das ações e potenciais do outro em nome da relação é amor? Conveniência é amor? Comodismo é amor? Possessão é amor?
 Definitivamente; não, não e não! Mas quantos casais vemos assim; reféns de seus “amores travestidos”; outros, conformados em “uma vida inteira de tranquilo desespero”.
Serão eles vítimas – ou cúmplices - de uma vida moderna agitada, competitiva, superficial, veloz e fugaz? Quem sabe...
Estamos vivendo um mundo novo; isso eu sei. “Nunca antes na história” se testemunhou tantas mudanças em tão pouco tempo. Mas será que fomos tão impactados assim que mudamos nossa forma de sentir e expressar amor? Está acontecendo uma releitura do amor?
Se sim; vou continuar na contramão da história, acreditando que certos valores e sentimentos, de tão intensos, fortes e verdadeiros, são imortais e imutáveis; como a esperança, a fé e o amor.
Entender o amor é tão difícil quando não se está amando e tão fácil quando estamos apaixonados, que quase chega a ser óbvio. Quem ama, sabe. Quem é amado, sente. Ponto.
Mas...sempre tem um mas...que ninguém se iluda: é preciso amar-se primeiro para amar alguém. Ou melhor: é preciso ter sido amado, mais; ter apreendido e exercitado o amor. Ou seja; o amor precisa estar antes em mim para extrapolar-se para o outro. E vice-versa, numa troca justa. Isso vale para todas as formas de amor. Simples e complicado assim.
Então será esta a medida do amor? Amar-se primeiro? Não sei, mas com certeza é um bom começo. Recentemente vi em um programa de TV que nossa capacidade de amar tem relação direta com o tipo de carinho, amor e atenção que recebemos na infância; assim como das relações cultivadas e construídas ao longo da nossa vida. O que me levou a concluir que o amor é prática, é exercício cotidiano, é aprendizado. E, consequentemente, pode ser melhorado e aprimorado – ou não! – só dependendo da nossa vontade e disposição.
Teorias, conceitos e devaneios à parte, eu acredito que somos todos calouros, aprendizes eternos do amor. Especialmente em relação ao amor homem/mulher. É um exercício de aprendizado que não se esgota, não tem fim.
Minha regra de ouro: o amar não se contenta com migalhas – nem mesmo do próprio amor! Ou seja: é preciso estar inteiro numa relação de amor.
Claro que não é fácil. Se fosse não seria tão sublime!
E; definitivamente: amar não é pra qualquer um:
É para quem acredita nos sonhos; é para quem se atreve; se arrisca; aposta no improvável; se expõe; é para quem tem coragem – mesmo que muitos achem exatamente o contrário; defendendo que viver sozinho é a grande aventura de uma vida, não sabendo eles que amar é aventurar-se no desconhecido, é construção e descoberta; sempre! É “ficar nu” – literal e metaforicamente - para o outro. É se permitir ser, finalmente e corajosamente, quem a gente é; e deixar que o outro também o seja. E amá-lo mesmo assim.
O amor é exigente. Suga a gente. Mas não se impõe; ele acontece apenas e somente quando deixamos – ou o merecemos. E, na sua sutileza de lince, quase sempre nos surpreende, porque não nos damos conta da sua proximidade, nem da “permissão” mútua, recíproca, que antecede a sua chegada. É quase como mágica. Mas sem truques, natural, que preenche corpo e alma por dias, meses e anos, ou “eternamente enquanto dure”, sua prática, lembranças e memórias.
Amar demanda disposição, permissão e cuidado, mas quem ama sabe: cada olhar de cumplicidade, cada beijo, cada toque de pele, cada sorriso – mesmo os de canto de boca, quase irônicos -; cada noite mal dormida a enrolar-se e desenrolar-se nos lençóis trocando carícias; cada briga – e o amor depois da briga -, cada troca...faz todo o investimento valer a pena!
Por tudo isso e muito mais, já que o tema não se esgota, eu concluo que o amor, como o sinto e acredito, pode ser forte e definitivo como a morte. Mas é mais, muito mais do que sorte.
Feliz dia dos namorados!!!!!
12/06/13.
Vanda Souto.

“A vida só é vida quando é vivida por duas vidas em uma só vida.”


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