quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Memória fotográfica


















Formatura do Caio


Devaneios meus...


“Bundalização”
O Brasil é o país do futuro, o país do futebol, do carnaval e... da bunda. (No Aurélio, as nádegas ou a parte carnosa do corpo formada pelas nádegas. Ou ainda; chulo, ordinário, indivíduo reles, sem valor).
Não dá pra ignorar: trata-se de um fenômeno, uma paixão nacional. Favorecidas ou não pela natureza, as mulheres lançam mão dos mais variados recursos estéticos e tecnológicos, como photoshop – que consegue transformar simples mortais em verdadeiras deusas da beleza - e o silicone, capaz de reverter até mesmo a ação da gravidade, levantando, restaurando, aumentando, diminuindo, enfim; transformando, moldando uma nova pessoa.
É indiscutível que “a bunda é um sucesso”, como diz Gabriel O Pensador – e rende uma boa grana. Para muitas mulheres, é a porta de entrada para a fama. Em tempos de celebridades instantâneas, é o caminho mais curto.
A propósito, a título de ilustração, o filme brasileiro “O cheiro do ralo”, lançado em 2007, deixa clara essa obsessão do brasileiro por bundas. No filme, ousado e provocativo, Selton Melo vive Lourenço, um homem solitário que coisifica tudo e todos, e que se apaixona pela bunda de uma mulher. Na trama, a visão daquela bunda o persegue e o tortura.
Percebe-se, no entanto, que esse culto ao corpo, à parte a “preferência nacional” por bundas, não é exclusividade das mulheres. O homem moderno também é cobrado e coisificado (em menor proporção, é verdade), já que não dá mais pra ostentar a “barriguinha de cerveja” e continuar “arrasando” com as mulheres. O resultado? Correria, academias lotadas, dietas, cobranças e stress.
Ampliando mais o sentido,  a “bundalização” a que assistimos no dia a dia, vai muito além do consumo de corpos nus, muito além do culto ao belo estimulado pela mídia. Pessoas viraram “coisas”. Somos consumíveis, descartáveis. Felicidade é ser consumido. O que importa se ela (a tal felicidade) é tão efêmera? O que vale é o ganho fácil, rápido; já que ao belo basta existir, não precisa ter conteúdo.
E na carona de tudo isso, assistimos a uma completa, inegável inversão de valores. Chegamos ao extremo de ver ser digno de homenagem transmitida em rede nacional aquele que tem uma atitude honesta. Quem não se lembra do senhor que achou dinheiro no metrô, devolveu ao dono, e que apenas e somente por isso foi recebido pelo Presidente da República?
Que país é este onde ser honesto, justo; virou exceção, quando deveria ser a regra? Que mundo é esse dominado pela farsa, pela dissimulação, hipocrisia e pela completa ausência de valores essenciais/fundamentais? Perdemos a noção do outro; impera o egocentrismo.
“O país está se desintegrando”, disse o polêmico Diogo Mainardi. Eu percebo e anseio por um movimento em outra direção, que nos resgate desta “bundalização” generalizada. Que promova uma releitura de valores, quem sabe...
Pouco provável? Nem tanto. Vejam só: recentemente recebi uma mensagem que questionava se os homens estariam felizes com “essa multiplicação de peitos e bundas”. E descrevia outro tipo de nudez: a nudez da alma feminina, porque “talvez a verdadeira excitação esteja hoje, em ver uma mulher despir-se de verdade... emocionalmente.”.
A meu ver, isso vale pra homens e mulheres: Ser belo de verdade é ser autêntico, é dizer o que se pensa e o que se pretende sem meias verdades.
Uma boa plástica é bonita de se ver, sem dúvida, mas a “bundalização” nos faz pequenos demais; somos melhores e maiores do que isso.
Uma pessoa verdadeiramente bela é inteligente, autêntica e coerente; e; independente de gênero, raça, cor ou credo, ri quando está feliz, chora quando está triste, sabe reconhecer e ser solidário na dor do outro; vacila; cai, mas consegue se reerguer; apenas e simplesmente porque sabe que não está só.
Em resumo, acredito que se trata apenas de ampliarmos a nossa “lente” para enxergarmos e valorizarmos o que é realmente belo de se ver!
Afinal, inteligência também é sexy!  Vale conferir!
Vanda Souto.
Março/2007.
  

Reflexões:
A expectativa
No Aurélio: esperança fundada em supostos direitos, probabilidades ou promessas.
O início:
Era uma vez...
Era uma vez alguém perfeito, único, insubstituível, necessário, o amor da minha vida! Pura magia, êxtase!
Estragou a festa com uma cena de ciúme “nada a ver?”. Que gracinha, tá inseguro, me ama demais!
Anda escolhendo seus amigos? Querendo saber com quem você fala ao telefone ou porque você não retornou em tempo hábil uma ligação? Que bonitinho! Tá inseguro, não vive sem mim.
Aí, você se acha “o cara”, ganhou na mega-sena sozinho (a)! Os amigos morrem de inveja de você.
É; mas o tempo, inexorável, implacável, passa... e um belo dia você acorda e se dá conta, sabe-se lá porque; que o seu amado é humano, é comum, tem problemas comuns: contas a pagar, filhos a criar, emprego a zelar. E aquele amor perfeito é colocado à prova. Ele erra, tem dúvidas, dívidas, vacila, tem medo, insegurança, etc., etc. e tal.
Puta “m”, como pode? Cadê minha princesa? Meu príncipe? Minha “kate”; meu “Wilhian”? E agora?
É como diz a música, meu amigo: “complicada e perfeitinha, você me apareceu, era tudo que eu queria; estrela da sorteMas”...
Bem, é isso aí: se você não sabe lidar com isso, meu caro, I’m sorry, você estava na “ilha da fantasia”, garoto (a).
E atenção: Dizer “Você tem que dar conta”; “não espere isso ou aquilo de mim”; “eu te avisei”; “não me perca”; etc., não ajuda nada; ao contrário; são falas que soam mais como uma ameaça, desconfiança, ofensa - que você pode até chamar de cuidado, mas não é. Tem efeito contrário, se você quer saber.
E você insiste em entender: Mas; como assim? Cadê a mulher maravilha? Cadê o super-homem?
Ei, acorda! Tem “síndrome de Peter Pan”? Cresce! Em que mundo você vive?
Você queria um homem/mulher inteiro ou pela metade?
Caso você não saiba: Todo mundo é inteiro. Essa história de cara-metade, a tampa da minha panela, não existe; ok? Um relacionamento de verdade se faz a partir da união de pessoas diferentes, completas e inteiras, que escolhem livremente seguir juntos; enfrentar juntos os desafios inerentes à vida humana: sorrisos, lágrimas, mau humor; tristezas, prazeres, dúvidas, dívidas, medos.
Simples assim; complicado assim.
Então pessoal, é isso aí: antes de embarcar numa jornada a dois, pensem nisso. Usem a fase boa, do início do romance, da magia, do sexo a qualquer hora, perfeito, intenso (Ah, o amor, hum... o sexo! Sábia Rita Lee!) e das risadas; pra dar força na travessia do “deserto” do outro - que virá, com certeza. E será a grande prova.
Ou seja: “Ou é, ou deixa de é”; não tem meio termo. Ao invés de cobrar, de reclamar, de questionar; dê seu ombro, seu colo; e aja; divida a carga. Não consegue? Tudo bem, o príncipe era um sapo, a princesa uma ilusão. Você se enganou; acontece. Bola pra frente. Você criou uma expectativa, uma fantasia, movido por sonhos, idealização, auto realização, compensação, ou seja lá que outro nome isso tenha; mas você tentou, é o que importa. Ele/ela não é a “ultima bolacha do pacote”, esteja certo.
Mas, por favor; seja honesto, não culpe o outro; aja com honestidade e dignidade, não aponte culpas nem culpados. Ou no mínimo divida a culpa meio a meio. Até porque somos todos, indistintamente, metade vítimas, metade cúmplices, como bem definiu Sartre.
 O que nos leva a pensar:
“Diga-me como amas e direi quem você é.”
Amas por uns minutos? Por umas horas, umas noites? Alguns meses? Só na hora do sexo?
Pois é, meu amigo, a coisa é um pouquinho mais complicada do que isso. Amas por que; ou apesar de? Amas porque o ser amado é bonito, é rico, é sensual, é independente, é bom de cama? Ou o ama apesar dele (a) ser humano, imperfeito, por vezes inseguro, ter medo?
Amas por inteiro ou pela metade?
Se amas por que; saiba que não amas; gostas. Como gosta de determinado vinho, de um tipo específico de música, do seu carro ou do seu violão.
E tem mais:
Amar não é pra qualquer um.
A verdade é que idealizamos demais o amor. Ama-se e desama-se com muita facilidade. O amor virou moeda de troca. Amar de verdade é para os fortes; exige coragem, persistência pra fazer dar certo. E tem mais: fidelidade é mais que uma promessa, é uma DECISÃO.
Pense nisso antes de embarcar em outra ilusão!
Vanda Souto.
Abril/2011.

“Às mulheres o que é das mulheres”.
Definitivamente, mulheres não são seres previsíveis. Tem alguma coisa dentro delas que faz com que sejam diferentes, que não caibam em uma tradução pura e simples.
Mulher-dama; mulher-da-rua; mulher-da-vida; mulher-da-zona; mulher de negócios; mulher-de-gamela; mulher-de-pulso; mulher-errada; mulher-homem; mulher fatal; mulher de verdade; mulher-macho; mulher maravilha, mulher perdida; mulher forte; mulher objeto; MULHER.
Ana, Beatriz, Carolina, Joana, Maria, Luísa, Joaquina, Terezinha. Não importa seu nome de batismo ou os adjetivos que tentam; em vão, defini-las. A verdade é que todas; a seu modo, a partir do seu universo particular, vêm reclamando, reivindicando “seu lugar ao sol”; querendo mostrar “a que veio”.
Sim, esse “bicho esquisito”, que transita entre “a cobra e o passarinho”, é tudo aquilo que os poetas cantam, que as igrejas pregam e que as famílias esperam. Mas é mais, muito mais do que isso. É algo que extrapola todas as tentativas de tradução, já que é múltipla, é plural, é mutante, é inconstante.
Na carona da nova ordem social, (decorrente de um mundo interligado e globalizado) este ser humano do sexo feminino, ou simplesmente mulher, eterna coadjuvante da trajetória da humanidade até aqui, começa a “incomodar”. Não dá mais para “caber” naquele papel secundário, quase de figurante na história. Não neste novo mundo que emerge cheio de desafios e oportunidades.
A mulher contemporânea sabe que a hora é agora. Assistimos a uma nova forma de organização do mundo. “Nunca antes na história”, as forças – todas elas; dos deuses, da natureza, do universo – conspiraram tanto em favor de mudanças.
“A bela adormecida” acordou. A “gata borralheira” virou princesa.  Protagonista da própria história, a mulher do terceiro milênio, do novo século, quer escrever a melhor versão de si mesma; e porque não; do futuro da humanidade. Não, ela não quer perder sua essência, deixar de ser mulher. Não se trata disso – até porque uma mulher de verdade ama sua condição de mulher- e usa isso a seu favor. Hoje, mais do que nunca, o mundo carece de atributos que são exclusivamente femininos.
Finalmente inserida no contexto do seu tempo, a mulher moderna tem consciência do seu potencial, pois aprendeu a pensar grande, a fazer acontecer. E nesta releitura do seu papel, “Amélia” “não foge à luta”. Ela sabe que pode abraçar e defender uma causa se realmente acreditar nela, que pode cair e levantar, rir e chorar, amar e ser amada, ser forte e frágil, ser sossego, acalanto ou tormento, tanto faz. Mas ser inteira, não “metade” - ou “pedaço”- de nada ou de ninguém.
Há um preço a pagar? Sim! Vide a dupla, tripla jornada que muitas de nós já enfrentam; o questionamento da nossa identidade enquanto mulheres, mães, esposas; o convívio com a culpa; os medos...
Mas quem disse que era barato, simples, fácil, ser “Amélia, mulher de verdade”?
Não importa. Pagando caro ou barato; a mulher sabe que este movimento não tem volta. A corrida já começou. Não é uma questão de escolha. É adaptar-se ou adaptar-se. Neste mundo de meu Deus, sobreviver é adaptar-se. Ou você se adapta ou está fora do jogo. As regras são claras.
A boa notícia é que os homens contemporâneos, aleluia! Também vêm passando por transformações e emergindo renovados. Parabéns pra eles!
Mas claro que há exceções. Dos dois lados. Homens e mulheres que insistem em não enxergar o óbvio; que preferem repetir o passado, querendo caber num modelo totalmente démodé e inadequado. Afinal, o novo sempre assusta...
Talvez ajude esclarecermos de vez: a mulher não é o oposto do homem. E não se trata de uma “briga de sexos”. A mulher não deseja ocupar o lugar dos homens. Não é este o objetivo. É a justa medida do seu papel no mundo que ela reivindica. É a cumplicidade, a parceria com o homem que ela almeja (desde sempre), mas desta vez como agente de transformação e construção da nova sociedade, onde ninguém é maior ou melhor que ninguém.
De uma forma simplista, a verdade é que desde a sua concepção - frágil e desprovida do “poder fálico” (simbólico), a mulher teve que “caber” num vestido que por vezes não era dela, não lhe servia. Já era hora de rever essa condição de um ator menor, definida unicamente pelo gênero. A nova forma de organização do mundo pede isso.
Portanto; “Às mulheres o que é das mulheres”!
Nós agradecemos!
Feliz Dia Internacional das Mulheres!
Vanda Souto.
08.03.2012.



Documentos profissionais e pessoais

Este espaço é dedicado ao arquivo de meus documentos do trabalho e pessoais.